domingo, 9 de outubro de 2011

Pessoas São Diferentes.
Ruth Rocha

"São duas Crianças lindas
Mas são muito diferentes!
Uma é toda desdentada,
A outra é cheia de dentes...
Uma anda descabelada,
A outra é cheia de pentes.
Uma delas usa óculos,
E a outra só usa lentes.
Uma gosta de gelados,
A outra gosta de quentes.
Uma tem cabelos longos,
A outra corta eles rentes.
Não queira que sejam iguais,
Aliás nem mesmo tentes!
São duas crianças lindas,
Mas são muito diferentes ! "
 
¨ Construindo a cultura da adoção
Ana Maria Fontes Borges 
 
Em nosso dia a dia vivenciamos situações que expressam significativamente diversos tipos de preconceitos. Preconceito é um conceito formado antecipadamente e sem fundamento razoável. Na convivência social aprende-se em maior ou menor intensidade a ter algum tipo de preconceito.
Atitudes pré concebidas fazem parte do cotidiano social refletindo um comportamento aprendido.
As pessoas tem dificuldade em admitir seu preconceito, é muito mais simples dizer que os outros é que são preconceituosos. Precisamente reflito sobre a legitimidade do ato de amar determinada criança que biológicamente não foi concebida. Adoção: Questão ampla e polêmica, carregada de preconceitos e estereótipos derivados de inúmeros fatores que necessitam ser refletidos. Admitindo que o preconceito é aprendido socialmente, concluímos que esta idéia pode ser alterada, portanto a necessidade de um trabalho educativo baseado em conhecimentos científicos que permitam discutir, analisar, concluir e até alterar questões pré - concebidas. Aprendendo a conviver com a adversidade vai-se cada vez mais estruturando uma visão baseada em novos valores e modificando uma concepção vigente. A adoção sempre fez parte da história da humanidade refletindo um contexto sócio-cultural. É provável que a adoção começou a adquirir um sentido mais social após a Primeira Guerra Mundial devido ao número excessivo de crianças órfãs e abandonadas. Contudo depois da Segunda Guerra Mundial, o interesse público pela adoção foi restringido a crianças pequenas. Observa-se que o preconceito em relação a adoção pode ser visto nas leis, que sempre procuravam proteger os "filhos de sangue" biológicos. Em nosso pais, só verificamos maior progresso na questão da adoção com o código de menores . Atualmente a sociedade batalha para proteger a criança e afirmar-lhe seus direitos. Estatuto da Criança e do adolescente destaca a relação afeto e amorna questão da adoção. Tenta-se resgatar o sentido da proteção para a criança e rever o conceito de "criança adotável". Caminhos devem ser ainda percorridos, pois a prática do dia a dia, é que deve também ser modificada, pois não se muda idéias pré concebidas, somente por meio de decretos.Projetos devem ser criados para que respondam as necessidades, desejos e aspirações das crianças, independentemente de sua etnia, sexo, cultura, condição sócio econômica. Acredita-se que ações efetivas de entidades, grupos, pessoas comprometidas com adoção, instrumentos básicos para a conscientização e construção .de uma cultura de adoção. "O instinto materno é uma grande falácia. O amor é construído" garante a psicóloga Lidia Natalia Dobrianskyj Weber que estuda e pesquisa temas como abandono, institucionalização e adoção de crianças a aproximadamente 10 anos. "A idéia de que o filho adotivo vai em algum momento da vida querer voltar para a família biológica não passa de um mito infundado. Ela garante que os filhos adotivos consideram pai e mãe "aqueles que os criou". Faz-se necessário dizer que há alguns fatores que auxiliam ou atrapalham o relacionamento entre pais e filhos adotivos. Os casos mais bem sucedidos ocorreram em famílias cujos pais contaram aos filhos que eram adotados, não traindo assim sua confiança. Os casos mal sucedidos ( cerca de 15% do total pesquisado) são frutos da omissão da verdade, ou ainda aqueles filhos que tomaram conhecimento tardiamente que eram adotados ou o que é mais errado ainda por informação de terceiros. Varias facetas se apresentam dentando assim a necessidade cada vez maior de um trabalho educativo respondendo a algumas perguntas que se fazem quotidianamente subsidia-se e instrumentaliza-se áreas individuais e coletivas. A continua indagação diante do novo é que nos proporciona a possibilidade da eliminação do preconceito, da não aceitação do desconhecido.
"Laços de amor não estão gravados no código genético mas sim na convivência, no aprendizado das relações afetivas nas descobertas de cada olhar, de cada palavra, no simples ato de respirar  - Filhos: Um amor a ser conquistado a cada dia.


Publicado  no Jornal do Projeto Criança.·Universidade Federal do Paraná   Maio de 1999

Nenhum comentário:

Postar um comentário